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Betina Gomes Manzali, de Santo Antônio do Aracanguá (SP), teve morte cerebral após acidente na Rodovia Eliéser Montenegro Magalhães. Pais decidiram doar os órgãos da filha e dizem que ela “continua vivendo em outras pessoas”.
Tragédia na rodovia
Um grave acidente ocorrido na Rodovia Eliéser Montenegro Magalhães (SP-463), em Santo Antônio do Aracanguá (SP), no dia 27 de setembro, resultou na morte da menina Betina Gomes Manzali, de apenas 8 anos. Ela estava no banco traseiro do carro em que viajava com a família quando o veículo foi atingido na traseira por uma caminhonete. Com o impacto, o carro acabou colidindo na traseira de um caminhão que seguia à frente.
Segundo o boletim de ocorrência, Betina foi socorrida em estado grave e levada à Santa Casa de Araçatuba (SP), onde a equipe médica da UTI constatou um traumatismo craniano severo. A morte cerebral foi confirmada no sábado (4). O motorista da caminhonete também ficou ferido e recebeu alta no dia seguinte. O caminhoneiro não se machucou.
A decisão que salvou vidas
No dia seguinte à confirmação da morte cerebral, os pais de Betina tomaram uma decisão que transformou a dor em esperança. Eles autorizaram a doação dos órgãos da filha, gesto que permitiu salvar e melhorar a vida de outras pessoas.
“Ela era luz, era amor. Também era brava, muito brava, quem conhecia sabia disso. Mas tinha um sorriso fácil e um abraço doce e carinhoso que eu jamais vou esquecer”, contou, emocionada, a mãe da menina, Ludmyla Gomes Alves, instrutora de academia.
O padrasto, Lucas Martins da Costa, relatou que o casal, num primeiro momento, não queria autorizar a doação. “Eu e minha esposa estávamos com o coração duro, sem querer. Mas parece que ela sussurrou no nosso ouvido: ‘não, pai, doa sim’. Eu me arrepiei todo. Quando olhei pra minha esposa, ela já entendeu. A gente vai doar”, relembra.
“O que a Betina faria?”
Ludmyla conta que a escolha foi tomada em meio à dor, mas com o coração em paz. “O médico falou sobre a possibilidade de doação e eu respondi: ‘não sei se sou evoluída pra isso’. Então meu marido me olhou e disse: ‘amor, o que a Betina faria se fosse ela? Ela amava ajudar as pessoas’. Naquele momento, senti paz. Olhei pro médico e falei: ‘eu quero, eu vou doar sim’”.
Um legado de amor
Após a doação, a família acredita que a menina continua presente através das vidas que ela ajudou a salvar. “Ela vai continuar vivendo em outras pessoas, abençoando mães que choram em um leito precisando de um coração, de um rim, de um fígado. O legado dela vai continuar”, afirma o padrasto.
“Mesmo em um momento de tanta dor, eu sinto alegria de saber que o legado da minha filha continua. Ela salvou vidas. Acho que o propósito dela nessa terra foi alcançado, e Deus queria uma Betina lá no céu”, completou Ludmyla, emocionada.
Captação de órgãos
Foram captados o fígado, rins e coração (para retirada de válvulas). O fígado foi transportado por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Essa foi a oitava captação de órgãos realizada neste ano na Santa Casa de Araçatuba.
Em nota, a Prefeitura de Santo Antônio do Aracanguá lamentou profundamente o falecimento da menina e manifestou solidariedade à família e à comunidade escolar da EMEB Constâncio João da Costa, onde Betina estudava.
A ocorrência foi registrada como homicídio culposo na direção de veículo automotor.