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Caso levanta debate sobre liberdade de expressão, ética política e os desafios de liderar em tempos de redes sociais polarizadas
AURIFLAMA - A tensão política que marca o cotidiano de muitas cidades brasileiras ganhou novos capítulos em Auriflama onde a prefeita Katia Morita (MDB) ingressou com uma ação judicial por danos morais, nesta quinta-feira (17), contra o ex-vereador Gabriel Henrique Federice (União Brasil). O motivo: ofensas pessoais supostamente proferidas em um grupo de WhatsApp e em sessão pública da Câmara Municipal. Os áudios foram gravados no sábado (12).
O episódio, que se desenrola em pleno mês de abril, expõe um embate que ultrapassa os limites do debate institucional e coloca em pauta uma questão que reverbera em todo o país: até onde vai a crítica política e quando ela se transforma em ataque pessoal?
Áudios em debate: "safada", "sem vergonha", "pilantra"
De acordo com a petição apresentada à Justiça, o estopim foi uma troca de mensagens no grupo “Patrimônio da Mata”, no WhatsApp, em que o ex-vereador teria respondido de forma agressiva a elogios recebidos pela prefeita durante o Festival Sertanejo realizado em Auriflama. Nos áudios, Gabriel teria se referido à chefe do Executivo como "safada", "sem vergonha" e "pilantra da pior espécie", além de afirmar que “não aceita pilantra dessa espécie no seu grupo”.
As declarações não teriam se limitado ao ambiente virtual. Segundo a ação, o ex-parlamentar também fez insinuações ofensivas durante sessão da Câmara Municipal, chamando publicamente Katia Morita e seu marido de "bandidos". Os trechos estão registrados em vídeo, com destaque para as falas a partir dos 31 minutos e 24 segundos da transmissão disponível no YouTube.
Gestora acionou a Justiça: “Ataques extrapolam crítica legítima”
Ao recorrer ao Judiciário, Katia alega que as declarações ultrapassam os limites da crítica política e configuram agressões pessoais com objetivo claro de desmoralizá-la. O pedido é por uma indenização de R$ 15 mil por danos morais.
“O direito à liberdade de expressão não pode ser confundido com autorização para ofensas pessoais. Como representante eleita do povo, tenho o dever de prestar contas, mas não de tolerar agressões contra minha dignidade”, diz a prefeita, em nota enviada à reportagem.
A ação aponta ainda que, além de afetar sua honra e imagem, os ataques causaram sofrimento pessoal e repercutiram negativamente diante da comunidade, uma vez que foram feitos em espaços públicos e com ampla audiência.
Reação e bastidores políticos
Até o momento, o ex-vereador não se manifestou oficialmente sobre a ação. Nos bastidores, aliados políticos minimizam o episódio e classificam a ação judicial como "tentativa de silenciamento". Já integrantes do governo municipal veem no processo uma resposta necessária à crescente escalada de ataques pessoais sofridos por agentes públicos, sobretudo mulheres.
A situação tem causado divisão na opinião pública local. Enquanto apoiadores da prefeita defendem o direito à honra e à proteção contra calúnias, críticos argumentam que a judicialização de críticas pode representar ameaça à liberdade de expressão – argumento que, vale lembrar, tem sido relativizado pela jurisprudência brasileira em casos de ataques pessoais infundados.
Política no tempo das redes
O caso em Auriflama é mais um exemplo da fragilidade do debate político em tempos de redes sociais, onde o limite entre opinião, crítica e ofensa se torna cada vez mais tênue. Para especialistas, episódios como esse são sintomas de uma era marcada por hiperexposição digital, discursos polarizados e crescente desrespeito às instituições democráticas.
Enquanto a ação segue seu curso na Justiça, a prefeita Katia Morita segue à frente de uma gestão que tem ganhado visibilidade regional, seja por obras de infraestrutura, articulações em Brasília ou, agora, por estar no centro de um debate que envolve política, ética e dignidade.
O Pô Auriflama acompanha os desdobramentos do caso. O espaço segue aberto para manifestação do ex-vereador.